Quem plantou ‘cedo’ teve frustração de safra - menos de 20 sacas por alqueire; quem não arriscou e esperou colheu muita soja - até 230 sacas por alqueire. Área com 134 alqueires fechou com 203 sacas por alqueire. Em 180 alqueires 198 sacas de média.

Frustração inicial

O início do mês de setembro de 2019 também era para ser o início do plantio da soja safra 2019/2020. A previsão do tempo não favorecia o plantio, pois ‘não marcava chuva’ antes do dia 15, mesmo assim alguns arriscaram colocar a semente na terra. Veio ‘uma chuva’, a semente germinou, nasceu, porém novamente mais de duas semanas sem uma gota d’água e as plantas não se desenvolveram. Alguns replantaram, outros não.

Com a primeira chuva, outros tantos realizaram o plantio da soja e, mais uma vez, quase duas semanas sem chuva e, mais uma vez as sementes germinaram mas não se desenvolveram. Novamente, alguns replantaram, outros não.

Reviravolta

Chegou o mês de outubro e a chuva também. As plantadeiras voltaram para as lavouras e, ‘a todo vapor’, quem não havia plantado (a maioria) colocou a semente na terra e, com certeza não se arrependeu, e sim, viu a lavoura de soja produzir ‘como nunca’.

Como ressalva, quem plantou depois do dia 15 de outubro não alcançou uma média excepcional, mesmo assim acima da média dos últimos anos.

Safra recorde

Depois das idas e vindas o desenvolvimento das plantas, com chuvas ‘na hora certa’, resultou em excelente produtividade. 

Conversamos com Ari Schmidt, agricultor e administrador da Fazenda Boff, localizada nas comunidades de Boa Esperança/São Silvestre, com área plantada de 134 alqueires e a média alcançada foi de 203 sacas por alqueire. Já em área de 180 alqueires, a média foi de 198 sacas por alqueire. “Esta foi a maior produtividade da história, um recorde”, afirma Ari.

Ele destaca que essa excelente produtividade é resultado dos investimentos na terra e chuva ideal. “É necessário, para uma boa produtividade investir na terra, nas novas tecnologias e, por conta da estiagem em setembro, plantamos no início de outubro, sendo que tudo conspirou a favor, pois tivemos um regime de chuvas ‘bem parcelado’, ou seja, a chuva veio e foi a ideal nas horas certas. Somado o regime da água e sol nos momentos ideais para a cultura, pois houve umidade e condição boa para a fixação da florada e depois condições para preenchimento de grão”.

Além destes fatores, Ari ressalta o uso de novos materiais, com mais tolerância quanto ao solo e a resistência ao fator hídrico. 

Quanto a nova janela de plantio, Ari entende que não deverá ser uma regra daqui para frente. Na safra 2019/2020 o plantio no início do mês de outubro foi o ideal, porém acredito que a maioria, fará o plantio em setembro neste ano. “Na safra que acabamos de colher, outubro foi melhor, mas não é regra. A maioria irá plantar em setembro”.

Conselho

Ari alerta para que os agricultores mantenham os pés no chão. “Entendo que o momento é muito bom, produtividade da soja alta e preço caminhando junto, mas o momento é de avaliar bem a situação e, se possível fazer uma reserva, pois o que estamos vivenciando é a confirmação de que a produção do milho safrinha está ameaçada. A estiagem está aí, já causando prejuízos”.

Média de 15 anos

O Município de Missal possui 13.500 hectares cultiváveis de soja, ou seja, um pouco mais de 5.570 alqueires.

Nos últimos 15 anos, a produtividade média da soja no Município de Missal, teve como número máximo 145 sacas de soja por alqueire, conforme os dados da Unidade da Lar Cooperativa Agroindustrial de Missal.

Estes dados também mostram a produtividade associada aos fenômenos climáticos: neutro (N), El Niño (EN) e La Niña (LN).

Safra e média por alqueire

2005/2006: 68 sacas (N)

2006/2007: 125 sacas (EN)

2007/2008: 140 sacas (LN)

2008/2009: 38 sacas (N)

2009/2010: 140 sacas (EN)

2010/2011: 125 sacas (LN)

2011/2012: 60 sacas (N)

2012/2013: 145 sacas (EN)

2013/2014: 115 sacas (N)

2014/2015: 90 sacas (N)

2015/2016: 135 sacas (EN)

2016/2017: 120 sacas (LN)

2017/2018: 125 sacas (LN)

2018/2019: 60 sacas (N)

2019/2020: 160 sacas (N)*

* A média da produtividade desta safra ainda não foi fechada, mas acredita-se que deverá ‘fechar’ em 160 sacas por alqueire e, mesmo que fique um pouco abaixo, será recorde.

Fonte: Jornal Portal