A Globoaves, empresa cascavelense, fornecerá ovos embrionados para serem utilizados no desenvolvimento de imunizante 100% brasileiro - a Butanvac.
Há 14 anos a Globoaves repassa ovos embrionados ao instituto como insumo para a produção de vacinas contra a gripe.
O Instituto Butantan passou a receber o insumo, especificamente para o desenvolvimento de pesquisas contra a Covid-19, a partir de 2020.
O novo imunizante faz parte de um consórcio internacional do qual o Instituto Butantan é o principal produtor e que tem o compromisso de fornecer a vacina ao Brasil e aos países de baixa e média renda. A produção-piloto do composto já foi finalizada para a aplicação em voluntários humanos durante os testes.
O diretor-presidente da Globoaves Roberto Kaefer revelou que a Globoaves já vem fornecendo ovos ao Butantan para testes e produção da Butanvac desde o ano passado. Foram 3 mil ovos destinados para testes. Para a vacina da gripe, a Globoaves entrega diariamente ao Instituto Butantan 550 mil ovos embrionados, em quatro carretas climatizadas, como se fossem incubatórios sobre rodas, com temperatura interna de 28 graus e oxigenação. “Fomos pioneiros no Brasil em relação à essa tecnologia”. Com a previsão do Butantan de produzir 40 milhões de doses da vacina contra a Covid-19 até maio, a Globoaves terá de fornecer inicialmente 20 milhões de ovos.
Tecnologia
Para a produção da ButanVac o Instituto deverá usar uma tecnologia já disponível em sua fábrica de vacinas contra a gripe, a partir do cultivo de cepas em ovos de galinha, que geram doses de vacinas inativadas, feitas com fragmentos de vírus mortos.
Segundo o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, a tecnologia utilizada na ButanVac é uma forma de aproveitar o conhecimento adquirido no desenvolvimento da CoronaVac, vacina desenvolvida em parceria com a biofarmacêutica Sinovac, já disponível para a população brasileira. Ele ainda aponta que não haverá nenhuma alteração no cronograma dos insumos vindos da China.
A ButanVac utiliza um vetor viral que contém a proteína Spike do coronavírus de forma íntegra. O vírus utilizado como vetor nesta vacina é o da Doença de Newcastle, uma infecção que afeta aves. Por esta razão, o vírus se desenvolve bem em ovos embrionados, permitindo eficiência produtiva num processo similar ao utilizado na vacina de influenza.
O vírus da doença de Newcastle não causa sintomas em seres humanos, constituindo-se como alternativa muito segura na produção. O vírus é inativado para a formulação da vacina, facilitando sua estabilidade e deixando o imunizante ainda mais seguro.
Fonte: Catve com SouAgro