Cientistas identificaram um padrão de clarões de raios X que condiz com o que é proposto pela Teoria da Relatividade Geral, publicada pelo físico alemão em 1915
Pela primeira vez, uma luz foi detectada por trás de um buraco negro. Previsto pela Teoria da Relatividade Geral de Albert Einstein, o cenário foi confirmado por uma equipe liderada pelo astrofísico Dan Wilkins, da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos. Os resultados foram publicados nesta quarta-feira (28), na revista científica Nature.
Tudo começou quando os cientistas perceberam um padrão intrigante em uma série de clarões de raios X sem precedentes, que vinham de um buraco negro mais massivo que o nosso Sol, a 800 milhões de anos-luz de distância de nós. Mas havia algo ainda mais inesperado nessa observação: flashes adicionais que eram menores e de “cores” diferentes dos clarões de raios X.
A equipe defende que os ecos luminosos adicionais são raios X refletidos por trás do buraco negro. Isso, entretanto, pode parecer absurdo, uma vez que os buracos negros são regiões no espaço-tempo onde a atração da gravidade é tão poderosa que nem mesmo a luz pode escapar de seu alcance.
Mesmo assim, há uma explicação plausível para a estranha luminosidade. “A razão pela qual podemos ver isso é porque aquele buraco negro está distorcendo o espaço, dobrando a luz e torcendo os campos magnéticos ao seu redor”, explica Wilkins, em comunicado.
Roger Blandford, coautor do estudo, ressalta o fato da descoberta servir de confirmação para o que Eintein havia teorizado há muito tempo. “Cinquenta anos atrás, quando os astrofísicos começaram a especular sobre como o campo magnético poderia se comportar perto de um buraco negro, eles não tinham ideia de que um dia poderíamos ter as técnicas para observar isso diretamente e ver a Teoria Geral da Relatividade em ação", diz o professor de física de Stanford.
A descoberta da equipe ocorreu com a utilização dos telescópios espaciais XMM-Newton, da Agência Espacial Europeia (ESA), e NuSTAR, da Nasa. Com os equipamentos, a princípio, os pesquisadores queriam aprender mais sobre a corona dos buracos negros, uma “coroa” formada pelo gás que cai nesses objetos, em um processo que alimenta as fontes de luz mais brilhantes do universo.
A missão para compreender essas coronas continua e os cientistas planejam criar um mapa em 3D dos arredores do buraco negro, segundo comunicado. Além disso, eles esperam realizar novas observações com a ajuda do observatório de raios-X Athena, da ESA, que será lançado ao espaço em 2031.
Fonte: https://revistagalileu.globo.com / (Foto: Dan Wilkins)