O trabalho é ‘pegar’ um alevino de meia ou uma grama de peso, colocá-lo em tanques e tratar até atingir 15/25 gramas de peso, para só então colocá-lo no tanque de engorda
Maikon ‘Vermelho’ Hilgert iniciou na atividade há pouco tempo, com os "crechários" instalados na propriedade da Família, em Esquina Gaúcha-Missal, porém a busca de tecnologias voltadas a produção de peixes iniciou há cinco anos. “Após alguns levantamentos na região percebemos algumas dificuldades na obtenção de lucro com a atividade e, a grande pergunta era: se o peixe da lucro em Maripá, que era o maior produtor do Estado do Paraná (hoje não é mais – Nova Aurora, Nova Santa Rosa ultrapassaram), por que aqui não? A primeira resposta que obtivemos foi que os alevinos eram melhores e, na sequência, que a ração que utilizavam era de melhor qualidade, entre outras situações, e que existia a produção de alevinos juvenis de tilápia”.
O alevino juvenil é ‘pegar’ um alevino de meia ou uma grama de peso e o coloca em açudes (tanques/crechários) e trata até atingir 20/25 gramas de peso, para só então colocá-lo no açude para a fase de terminação. Um exemplo deste processo é o suíno, que depois de alguns dias após o nascimento vai para o crechário e só então para o suinocultor completar o ciclo.
Garantia
Este processo oferece uma garantia ao produtor que faz a ‘engorda’ do peixe de que na hora em que for retirá-lo para enviar para o abate no frigorífico o número de peixes esperado realmente esteja no açude ou dentro da porcentagem prevista de quebra. “O alevino não dá essa segurança, pois temos tanques que variam entre 2 e 12 mil metros quadrados de água, ou seja, são tanques grandes. Imagina um peixe de meia ou uma grama ‘perdido’ dentro de 12 mil metros quadrados de água, fica impossível você estimar quantos sobreviverão”.
“Entre as vantagens do juvenil (chamado alevinão) está a perda menor, a possibilidade de estimar quanto peixe ‘vai sair’, consegue estimar melhor quantidade de ração necessária, ganha tempo, pois a fase de uma grama a 10/15 gramas é a mais demorada (depois de 10 gramas o peixe chega a ganhar 1,5 grama/dia, e depois de 20 gramas sobe para um ganho de 2 gramas/dia. Então, o produtor ganha tempo, economiza, ganha tempo, pois a estrutura ficará menos tempo subutilizada. Um detalhe importante é a excelência dos fornecedores, o que nós buscamos sempre são os melhores, alevinos de altíssima qualidade, ou seja, os fornecedores das grandes frigoríficos/cooperativas de peixe são os mesmos que fornecem os alevinos para nós”, informa Maikon, acrescentando que as variedades que a empresa fornece são as melhores, como a aquamérica, e agora Tilamax, da Acqua Sul, de Ilhotas-SC, e a Vegan Fish - não temos as tailandesas, pois como no plantio de milho ou soja, se a semente é boa a produtividade é maior, se o leitão é bom o porco ‘sai melhor’ e, com o peixe, não é diferente”, afirma Maikon.
Além destes detalhes, ele destaca que “conseguimos instalar o sistema mais intensivo de produção de juvenis do Brasil hoje. Temos estocagens com até 1.800 por metro, até três gramas de peso, sendo que conseguimos chegar a 800 peixes por metro até 10 gramas e 400 peixes por metro até 17 gramas. No mundo do peixe estes números são estratosféricos, quando o normal é 80 peixes por metro até 17 gramas”.
Elo da cadeia produtiva
Maikon ressalta que a instalação desta produção foi feita “porque nós percebemos a necessidade deste elo na cadeia produtiva da tilápia, estava faltando. Percebemos isso a 5 anos atrás e a atividade ‘fecha’ com a nossa vocação. Eu sou tecnólogo ambiental de formação e o sócio Matheus Augusto Seolatto , é engenheiro de pesca, então conseguimos unir o tratamento da água da tecnologia ambiental com a engenharia de pesca, para fazer acontecer”.
Mercado e produção
Quanto ao mercado de alevinos, Maikon ressalta que em função do trabalho desenvolvido, a empresa consegue atender boa parcela da demanda de juvenis dos frigoríficos de São Miguel do Iguaçu e Santa Helena.
Quanto ao peso do juvenil varia de acordo com o produtor. “Tem os que tem mais tempo e preferem o de 5 gramas, outros de 10 gramas, 15 gramas, varia conforme a vontade, vocação e estrutura de cada um”.
A expectativa de produção para o ciclo 2021/2022 (o ano do piscicultor inicia em agosto a maio devido a queda da temperatura) é de 5 milhões de alevinos.
Além de fornecer para piscicultores de municípios da microrregião, está sendo aberto o mercado na região de Toledo e Nova Aurora.
O frio e as bactérias
No inverno o frio afeta muito negativamente o peixe, inclusive por conta de doenças bacterianas e fúngicas que causam mortalidade dos peixes. “A região de Santa Helena a Foz do Iguaçu, onde atuamos, que índice menor de morte de peixes se comparado, por exemplo, com Toledo, sendo que as principais causas de morte são a Francisella (bactéria), que de dois anos para cá vem atacando também peixes maiores. Também as aeromonas (bactéria). Por aqui não ocorreram muitas perdas, pois o melhoramento genético também contribui para evitar a mortandade. Mas a pior bactéria é a estreptococose, que mata exclusivamente o peixe grande e gordo no verão”, explica Maikon.
Tanque enlonado
Maikon afirma que é necessário buscar sempre a ponta das tecnologias. “Aqui na propriedade temos um novo sistema de aeração, que é referência na região (um soprador, com uma mangueira porosa que conduz o ar até a mangueira expelir e movimentar a água), temos o tanque enlonado que oferece maior sanidade e a facilidade para acompanhar todas as situações inerentes aos peixes é maior que no tanque escavado.
Mercado do peixe
Até alguns anos atrás havia maior dificuldade para o piscicultor comercializar sua produção, o que, segundo Maikon, está mudando. “Há uns cinco anos atrás o piscicultor encontrava dificuldade para entregar o peixe, nem garantia de que iria receber havia. Isso hoje mudou, tanto com a Frimapar (antigo frigorífico de peixes de São Miguel do Iguaçu), o Pescados Abitante, de Santa Helena também, caso seja necessário existem outros frigoríficos sérios na região que podem absorver a produção".
Estudo mostra que hoje na região há uma deficiência de 40 hectares de lâmina d’água para produção intensiva de peixes.
Rentabilidade
“Quanto a rentabilidade, se o peixe dá lucro, vejo hoje que é uma atividade que dá muito bom retorno, desde que alguns itens sejam observados, iniciando pela qualidade dos alevinos, da ração, uso da tecnologia, avaliar o custo benefício dos investimentos, como por exemplo o número aeradores - demais é desperdício de dinheiro e de menos é morte de peixes, e assessoria técnica. É uma alternativa interessante de renda”, conclui Maikon. (Da Redação)
Fonte: Portal Missal