A busca por carne branca aumenta com a chegada da Páscoa; veja as espécies mais comidas durante a Semana Santa
Em um país com alta disponibilidade de água, como é o Brasil, a atividade pesqueira tem importante destaque na economia nacional e nas tradições culturais locais. Historicamente, esse mercado é fortemente estimulado durante os 40 dias que separam o Carnaval e a Páscoa, quando a população consome mais peixes em suas refeições.
Segundo Francisco Medeiros, presidente executivo da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), esse fenômeno é um reflexo das tradições cristãs inseridas no território ao longo da colonização. Ele explica que, na religiosidade católica, é dogma jejuar durante a quaresma, em especial, na “Semana Santa”, que antecede o dia da Páscoa. Assim, não são consumidas carnes vermelhas (bovinos e suínos), o que faz aumentar a busca por outras fontes de proteína, como os peixes.
Essa cultura foi mantida no Brasil. Inicialmente, os portugueses trouxeram o hábito de comer bacalhau no período, mas, devido às diferenças geográficas, financeiras e tradicionais que se desenvolveram no país desde 1500, outros peixes assumiram esse protagonismo dentro dos pratos. Veja, a seguir, quais são os peixes de água doce mais procurados pelos brasileiros, de acordo com levantamento da Associação Brasileira da Piscicultura.
1. Tilápia
A tilápia é um peixe que tem boa adaptação em vários climas do Brasil
A tilápia é o peixe de água doce mais consumido no Brasil. Medeiros explica que as espécies desse gênero podem ser encontradas em abundância em todas as regiões do território, principalmente nos estados sudestinos. Segundo ele, o produto tem crescido na taxa de 10% ao ano e, em 2021, de cada 10 kg de peixe de cultivo consumidos, 6.3 kg foram de tilápia.
2. Carpa
As carpas são muito utilizadas pelos asiáticos para decoração de jardins externos
De nome científico Cyprinus carpio, as carpas são consideradas pelo Censo Agro de 2017 como a espécie que está presente no maior número de estabelecimentos rurais do país. Para além da sua popularidade na aquariofilia (em que os animais vivem em tanques externos para decoração), esses peixes são muito incorporados à culinária do Sul.
3. Jundiá ou Bagre
O bagre é conhecido por sua versatilidade nos cardápios gastronômicos
Conhecido como “jundiá” ou “bagre”, os peixes do gênero Rhamdia também são muito utilizados na região Sul do Brasil. Medeiros afirma que esses animais são consumidos, principalmente, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul.
4. Tambatinga
Como é oriundo de hibridação - que não ocorre em ambiente natural - não se conhecem os riscos biológicos que o peixe pode causar para a biodiversidade e, por isso, a sua criação deve ser feita com cuidado
Resultado do cruzamento entre uma fêmea de tambaqui e um macho de pirapitinga, a espécie híbrida é criada em diversas pisciculturas nas regiões Centro-Oeste e Sudeste. Com o gosto similar ao de outros peixes, o seu diferencial está nos pesos médios superiores.
5. Caranha, Pirapitinga ou Pacu
Os pacus são típicos do pantanal matogrossense, dos rios amazônicos e bacia do Prata
Parte do grupo dos peixes redondos, a espécie Piaractus brachypomus recebe vários nomes (caranha, pirapitinga ou pacu) e é muito consumida na região Centro-Oeste do Brasil. Segundo o presidente da Peixe BR, o animal é destaque principal no estado de Goiás.
6. Tambaqui
Segundo a Embrapa, informações sobre pureza e consanguinidade são importantes para o bom desempenho técnico da criação de tambaqui
Se em outras regiões a tilápia lidera as buscas pela população, no Norte, quem ocupa essa posição é o tambaqui (Colossoma macropomum). Medeiros, inclusive, brinca sobre a popularidade do peixe dizendo que “de cada 10 casas, 11 vão ter o ingrediente no prato de sexta-feira”.
7. Pirarucu
O pirarucu pode crescer muito. No Brasil, já foram registrados casos em que o animal atingiu 2 metros de altura e 70kg de peso
Por fim, conhecido no Norte como o “bacalhau brasileiro”, Francisco Medeiros explica que, adaptando o hábito secular da salga do bacalhau, os nortistas que, por questões geográficas, tinham pouco acesso ao peixe de água salgada, passaram a preparar os seus pratos com o pirarucu. A técnica é muito utilizada em cidades como Porto Velho (RO), Belém (PA) e Manaus (AM). Nas feiras, a espécie pode ser encontrada tanto fresca quanto em mantas de sal.
Fonte: https://revistagloborural.globo.com/