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Parkinson: cientistas japoneses descobrem ligação da doença com bactérias do intestino; entenda

Postada em: 27/06/2024 Atualizada em: 27/06/2024 14:57:17 Número de visualizações 1923 visualizações
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Parkinson: cientistas japoneses descobrem ligação da doença com bactérias do intestino; entenda

Cientistas japoneses identificaram alterações na flora intestinal e sugerem que suplementar vitaminas do complexo B pode ser uma possibilidade terapêutica


A doença de Parkinson é um diagnóstico neurodegenerativo que afeta milhões de pessoas e provoca problemas de movimento, saúde mental, sono, dor e em outras questões de saúde, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). O tratamento auxilia no controle dos sintomas, mas existem poucas alternativas e que ainda não são capazes de curar a enfermidade. Agora, cientistas japoneses apontam que um novo caminho terapêutico pode estar no intestino.

Em novo estudo, pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade Nagoya, no Japão, identificaram uma relação entre a população de trilhões de bactérias que vivem no intestino humano, a chamada microbiota intestinal, e características da doença.

Em especial, observaram uma redução dos microrganismos ligados à síntese das vitaminas B essenciais B2 e B7, compostos importantes para combater a inflamação presente no Parkinson, e de agentes que atuam na manutenção da integridade da barreira intestinal, camada que impede que toxinas entrem na corrente sanguínea.

As descobertas foram publicadas na revista científica npj Parkinson's Disease e, segundo os cientistas, apontam que um novo caminho de tratamento pode envolver intervenções no intestino, como a suplementação de vitaminas do complexo B para ao menos suprir as carências observadas.

O interesse pela análise do intestino na abordagem de doenças que acometem o sistema nervoso não é à toa. A região, também chamada de flora, é conhecida como “segundo cérebro”. Estima-se que 95% da serotonina, um neurotransmissor importante para o corpo humano, seja produzida no intestino, por exemplo.

Por isso, os cientistas decidiram analisar amostras de fezes de pacientes com Parkinson e de indivíduos saudáveis do Japão, Estados Unidos, Alemanha, China e de Taiwan. O objetivo era buscar alterações comuns àqueles diagnosticados com a doença e que pudessem ser associadas a ela.

Em linhas gerais, eles observaram uma diminuição nos genes bacterianos responsáveis pela síntese de riboflavina (vitamina B2) e biotina (vitamina B7), compostos que têm propriedades anti-inflamatórias importantes para combater o quadro de inflamação presente no Parkinson.

Além disso, esses nutrientes desempenham papéis cruciais que influenciam na produção dos ácidos graxos de cadeia curta e poliaminas. Um exame dos metabólitos fecais revelou também reduções de ambos nos pacientes com Parkinson que participaram do estudo.

Os pesquisadores explicam que, em condições ideais, essas duas substâncias são importantes para manter a integridade da barreira intestinal, impedindo que toxinas a atravessem e cheguem ao cérebro – onde podem causar inflamação e afetar processos importantes.

"Essa maior permeabilidade (do intestino) expõe os nervos a toxinas, contribuindo para a agregação anormal de alfa-sinucleína (proteína cujo acúmulo no cérebro é ligado ao Parkinson), ativando as células imunológicas no cérebro e levando a uma inflamação de longo prazo”, diz Hiroshi Nishiwaki, pesquisador da universidade japonesa responsável pelo estudo.

Para ele, isso indica que “a terapia de suplementação direcionada à riboflavina e à biotina (vitaminas do complexo B) é promissora como uma possível via terapêutica para aliviar os sintomas do Parkinson e retardar a progressão da doença”.

O especialista diz ainda que, nos próximos anos, a terapia poderá ser personalizada com base no perfil exclusivo da microbiota de cada paciente: “com base nessas descobertas, poderíamos identificar indivíduos com deficiências específicas e administrar suplementos orais de riboflavina e biotina àqueles com níveis reduzidos, o que poderia criar um tratamento eficaz”.

Fonte: O Globo / Foto: Reiko Matsushita / Universidade Nagoya

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